Os professores com agentes de um novo sistema educacional brasileiro

 As recentes mudanças do BNCC, propostas para nortear e fomentar o desenvolvimento educacional, no Brasil, demonstram estar de acordo com o que há de mais moderno, sobre educação, ao redor do mundo. A partir de exemplos de países como, Estônia e Finlândia, conclui-se que a educação contemporânea tem de conferir, e estimular, maior autonomia aos alunos. Em contraposição ao modelo tradicional, que cerceia o aluno de sua atitude própria de expressão. Pois a liberdade é um fator decisivo na construção do conhecimento e igualmente, na formação da identidade de um indivíduo. 

As propostas do BNCC, estabelecidas há poucos anos, levam em consideração a construção de um mundo mais equânime. Cada vez mais profissionais reconhecem que a educação é o berço de todo tipo de traço constitutivo de uma sociedade. A desigualdade, entre classes sociais, a perpetuação do racismo estrutural, um controle maior sobre a violência, o vício em drogas, entre outros problemas, demandam uma construção prévia. Logo, um processo educacional. Considerada muito mais adequada do que ações posteriores que visem remediá-las. Assim, ao nos depararmos com as competências estipuladas, pelo BNCC, facilmente reconhecemos as características humanísticas, tão próprias das teorias, crítica e pós-crítica. Como, o exercício da curiosidade, para desenvolver o intelecto, a ponderação, a prática da imaginação, o contato com diferentes correntes culturais, o conhecimento sobre diferentes tipos de linguagens, o domínio das novas tecnologias, o desenvolvimento do senso crítico por meio das experiências pessoais de cada aluno, a habilidade de gerar argumentos, o domínio próprio, a consciência sobre quem se é, a frutificação de valores e virtudes, como empatia, responsabilidade e solidariedade e todo um repertório voltado para a construção de um sujeito, imanente, consciente, ao invés de um indivíduo meramente funcional e utilitário. Desprovido de preparação para lidar com as complexas alteridades, que formam a sociedade. Entretanto, as propostas levantadas pelo BNCC, mesmo coerentes com as teorias curriculares contemporâneas, continuam tendo o caráter de uma teoria. A qual, requer aplicação e observação. Algo comum em todo campo de saber. É neste momento que a função de professor assume um caráter mais representativo. Assim, caberá ao professor a responsabilidade de levantar relatórios sobre suas aulas, seus alunos, afim de alcançar reflexões significativas sobre sua prática didática e pedagógica. Para em seguida, compartilhá-las com seus pares, por meio dos veículos acadêmicos de publicação. Algo que não poderá ser feito sem algum tipo de preparo. 

De acordo com a especialista finlandesa, Minna Mäkihonko, (em entrevista à BBC News Brasil), o sucesso da educação da Finlândia se deve à alta exigência sobre a formação dos professores. Um sistema educacional eficiente e produtivo, requer profissionais de excelência, que dominam sua área de formação. Que demonstram rendimento acima da média. E que se aprofundam através de cursos de pós-graduação, como de mestrado. Deste modo, o curso de mestrado prepara o professor para o contato com o mundo científico-acadêmico. Que lhe garante um repertório bibliográfico. Onde o mesmo se torna também um produtor de conteúdo. Assim, o mestrado é o primeiro passo para que um professor possa exercer a função de agente do sistema educacional brasileiro. Tendo competência para acompanhar a produção de conhecimento e para contribuir com suas apreensões. Formando uma cadeia voluntária. 

O segundo passo, para que o professor deixe a postura passiva, e se torne um agente representativo, é o aprofundamento sobre a pedagogia comportamental, no meio escolar. Cada período escolar compreende uma postura. Assim como as idades também determinam enfoques diferentes. Algo que enobrece ainda mais a profissão da licenciatura. Muito comumente, alunos pré-adolescentes do ensino fundamental, são tratados de maneira muito próxima dos alunos do ensino médio. As diferenças de abordagem são mais gritantes quando comparadas com alunos do maternal. Desse modo, a psicologia comportamental tem de ser estudada à fundo. Para favorecer a produção do conhecimento, guiando a prática pedagógica dos profissionais, dentro de seu contexto específico. 

Assim sendo, concluímos que as propostas do BNCC, por mais interessantes e eficientes que se demonstrem ser, não podem gerar resultados de maneira estática e impositiva. Como um fim em si mesma. É necessário um diálogo. Que exige aprofundamento do professor, por meio de cursos de mestrado e através do aprimoramento em pedagogia e psicologia. Para que possa agir como um agente do sistema educacional brasileiro. Provocando discussões, renovando e melhorando o sistema educacional. 


Referências: BBC NEWS – Os cinco pilares de mudança na formação de professores que revolucionou a Finlândia, 2021. [Internet] Disponível em: < https://www.bbc.com/portuguese/internacional-47700874//>. Acesso em: 06/09/21 

SAE DIGITAL – Base nacional comum curricular: Entenda as competências que são o “fio condutor” da BNCC, 2021. [Internet] Disponível em: < https://sae.digital/base-nacional-comum-curricular-competencias//>. Acesso em: 06/09/21 

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